“Vou tentar arrumar tudo o que está errado nas trilhas da Unidade de Conservação em que trabalho”. A afirmação do monitor ambiental, José Floido, do Parque Estadual de Intervales, resume a animação para aplicar o que aprendeu durante o curso de criação e manutenção de trilhas, promovido no Parque Estadual da Cantareira, em São Paulo, pelo WWF-Brasil e Fundação Florestal, com recursos do HSBC. Silva foi um dos 22 representantes de 18 parques estaduais paulistas que estudaram, entre os dias 29 de setembro e 2 de outubro, as melhores formas para minimizar impactos sobre a biodiversidade da Mata Atlântica decorrentes da visitação.
Trilhas mal conservadas, com lixo, trechos desbarrancados e alagados podem pôr em risco os visitantes e gerar focos de degradação nessas áreas protegidas. Os participantes aprenderam na prática como fazer o levantamento das características de uma área, definir o melhor traçado de uma nova trilha e fazer a manutenção, evitando esses e outros problemas.
O analista de Conservação do WWF-Brasil, Cristiano Cegana, acredita que o conhecimento será replicado dentro dos parques e, até mesmo, para outras áreas protegidas. “Criamos um grupo de discussão para trocar experiências do que está sendo feito em cada parque e estamos pensando num workshop futuro no qual todo grupo se reunirá para fazer um multirão em um determinado parque.”
E trabalho é o que não falta. Só no projeto Trilhas de São Paulo, iniciativa pioneira do governo do Estado de São Paulo para aproximar a população dos parques, foram selecionadas 40 trilhas que percorrem 200 quilômetros e interligam diferentes paisagens no estado. Os visitantes são estimulados a conhecê-las pelo guia Passaporte Trilhas de São Paulo, que apresenta informações e premia aqueles que concluírem etapas do roteiro.
Ao percorrer as trilhas e ver de perto a diversidade de vida, formas e sons, o visitante tem a experiência de estar dentro de uma das matas mais ricas em biodiversidade do mundo e, como conseqüência, entender sua importância. “Esse é o grande ganho: fazer o uso sustentável da floresta que propicia ainda qualidade de vida para a população e aproxima as pessoas da preservação ambiental. Obter o apoio das pessoas é fundamental”, explica a coordenadora do Programa Mata Atlântica, Luciana Simões.
“Os parques da Mata Atlântica estão perto de grandes cidades e as pessoas estão indo cada vez mais para esses lugares. Isso é bom, mas temos que acompanhar para que continue sendo positivo para os dois lados. Tanto para a pessoa usufruir de um lugar conservado quanto o parque continuar protegendo a natureza”, compara Simões. “Neste ano já avançamos muito nesta direção”, conta.
No primeiro semestre do ano, três parques testaram um novo sistema de monitoramento de impactos e, em novembro, a equipe de 19 parques estaduais de São Paulo abertos à visitação, além de especialistas, receberão um novo treinamento sobre esse o sistema de monitoramento. Com a ferramenta, os parques terão condições de monitorar e adotar cuidados para prevenir e combater condições que perturbem os animais e atuem como fatores de degradação da floresta. “Esse sistema de monitoramento foi construído em conjunto com os gestores e será o primeiro do país”, comemora Simões.
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